sexta-feira, 18 de outubro de 2019

Flor Distorcida

Esse é um relado de alguém que não consegue compreender a verdadeira felicidade.

Já faz um pouco mais de um mês desde o último acontecimento, aquele que mudou a minha vida para sempre, minhas vestes jazem forjadas em melancolia, sofrimento e agonia e me preenchem de uma forma irregular em vários fragmentos, que são contados como uma notória história de terror insubstancial.

O conto de uma noite insana:
_ Já era madrugada e ao despertar notei uma mão fria acalentando minha noite de uma forma sexual e não consensual, o que trouxe um grande pesadelo novamente a vida em mim.
Durante os dourados raios de sol, questionei o que havia acontecido a aquele que por merecimento ocupara o posto de meu melhor amigo e confidente e então para grande espanto e abalo das estruturas desta relação a resposta foi, sem dúvidas inesperadamente fria e dolorida, ele confessara que aquele maldito pesadelo de  abuso fora uma realidade que não poderia ser mudada e que isso nada mais foi que um reles impulso que ele sentira por estar afetado quimicamente pela noite anterior e pelo gostar reprimido e assim começou o deteriorar dessa relação.

A partida do sentimento obscuro:
_Entre as luas e sóis passados, o que mais fora difícil de acontecer, veio a tona a falta daquela amizade e o perdão saiu mesmo com o coração sangrando e as puras lágrimas de tristeza derramando de seus olhos, eu estendi meus braços e o abracei novamente dizendo vinde a mim e esteja comigo.
Eu realmente não estava preparado para vestir o véu da noite e sair loucamente dançando com o diabo como eu costumava fazer com os meus companheiros, eu precisava de um tempo para mim e precisava me organizar mentalmente sobre o que eu queria fazer, para onde eu deveria ir e onde eu queria estar e onde eu iria chegar, mas ainda sim ficou muito difícil de se manter são com essas coisas brotando em meio a minha mente fazendo com que essa jornada que eu tracei se tornasse cada vez mais fácil de se lidar mesmo com todos os problemas chegando rapidamente eu sentia que sempre que eu pudesse vestir o véu eu dançaria nu com o diabo e ele me traria paz e conforto.
O melhor amigo do mago sabia que essa dança era apenas para dois e que não poderia interferir mesmo sabendo dos planos do diabo e que aquele coração jamais pertenceria a ninguém, porém a a causa e efeito geradas foram maiores que as esperadas.
Em minha ausência no culto da noite onde abdiquei de vestir meu véu para encontrar com o diabo, meu companheiro e melhor amigo decidiu que iria ao culto sem mim e lá aconteceu o que mais quebrantou meu espírito, o diabo dançou com meu melhor amigo e partiu meu coração.
Não pude deixar de me sentir usado, trocado e rejeitado de todas as formas, mas ainda sim ainda que o tempo pudesse tentar sanar toda essa dor e dívida que meu coração acumulou com todas essas danças eu ainda optei por mante-lo ao meu lado e dizer, você ainda é meu melhor amigo e o diabo que se dane.

A abstinência infernal:
_Logo com o passar dos dias aquela dor foi de alguma forma diminuindo e parando de doer lentamente, ainda sonho com o diabo e seus passos, o compasso do seu sorriso nas batidas do meu coração e o beijo que me tirava os pés do chão sempre que nossos lábios se tocavam.
Careci de uma mão amiga que pudesse me ajudar a caminha agora que não mais havia como estar desfrutando do meu culto noturno dançando com meu diabo particular onde essa valsa não mais pudesse ser realizada para nós dois dentro do nosso pequeno mundo e assim eu parti de mim, mais uma vez, para poder deixar que essa amizade fosse mais forte e vigorosa que da ultima vez, mas ainda sim ao fechar os olhos durante a noite eu sentia mãos me envolvendo que não eram as minhas e uma respiração ofegante sobre o meu pescoço onde não havia ninguém ali, somente o pesadelo vivido durante o conto de uma noite insana.

Passos inseguros em uma dança noturna:
_Mesmo mantendo sua mente em retidão para que tudo que estivesse ruindo não pudesse mais afeta-lo, surge das sombras aquele que nasceu das cachoeiras aparece e oferece seus sentimentos e trás todos os sentimentos que foram proferidos pelo gigante sorridente e aquelas palavras duras trouxeram uma mácula muito profunda de volta do abismo sentimental que eu vivia.
Em uma noite o teatro foi armado para me arrancar as responsabilidades de estar com aquela pessoa em minha vida então eu trouxe os protagonistas para encenarem toda uma peça escrita por mim e assim resolvemos ir ao culto da noite dançar mais uma vez.
A noite ainda era uma criança indefesa e tudo estava pronto para que meu melhor amigo pudesse estar com o portador das águas e que aquela união de fato me traria a paz, porém, com uma virada de mesa eu fui o escolhido e tudo desandou, todos os meus medos e temores ascenderam a minha pele e eu perdi, perdi algo muito importante aquela noite, perdi a mim mesmo. O diabo já não mais desejava dançar comigo e eu não tinha mais um ritmo certo dentro daquela noite que pudesse acalmar meu coração. Durante a semana fui agraciado com a informação que eu poderia ser amado pelo portador das águas e mais uma vez meu melhor amigo em uma epifania bufante me ofertou uma brilhante ideia para aplacar a dor e a solidão, oferecer meus sentimentos as águas e aquele sorriso medonhamente encantador como um presente em um dia de chuva.

O Osculo de Judas:
Ao fim, meu grande amigo que abusara de mim, estivera dançando com meu demônio e que escolhera alguém para que eu pudesse amar ainda não parecia satisfeito com tantos pontos em tantos contos.
Despistadamente ele manteve uma visão muito critica em cima do que eu deveria fazer e incentivou de todas as formas que eu me propusesse a dar de mim um pedaço intocado de pureza que restara dos conflitos com o gigante sorridente e assim eu ofertei mais do que pudia para alguém que não possuía firmeza nas mãos para carregar o meu mundo. Meu melhor queria estar em um plano terreno que não o cabia, ele queria ser presente em uma vida que não o pertencia e na busca dessa presença ele fez o indeferível tomou para si a presença do portador das águas e anulou um laço planejado entre nós onde contemplaríamos um dia para dois que foi negado a mim e outorgado a uma presença nova que não deveria ter tanta importância  causando assim um desconforto sobre esse encontro a dois para uma valsa que não se sabe o desfecho.
Digladiei com meus sentimentos e entrei em uma espiral de caos e destruição contígua e eu não sei o que fazer, meus sentimentos estão flutuantes onde encontro um amigo que destrói cada fragmento de estrutura que está se formando e uma pessoa que desejo delegar meus sentimento porém não está preparada para recebe-los e assim eu me curvo ante a vontade do mundo de que eu me mantenha nas trevas.