sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

O Cão e a Raposa

Au~ essa é a minha forma de dizer oi, pelo menos quase sempre que venho aqui desta forma.

Eu estou sempre animado, aninhado em minha antiga casa com meus brinquedos a minha volta, depois que meu dono partiu e nunca mais voltou, eu dei um jeito de escapar pela janela da nossa antiga casa e voltei a viver sozinho, sinto falta do sei cheiro de mato, do seu sorriso cantarolante enquanto entra pela porta, o barulho da chave com o encanador vermelho pendurado e aquelas musicas que me lembram de quando eu era filhote.. saudade de morder você e de quando você fazia carinho na minha orelha.. mas tudo isso ficam apenas nas lembranças e um dia isso será esquecido também.

Eu recentemente tive um encontro muito inusitado, há muito tempo antes de ser adotado, enquanto andava sozinho por ai, eu tinha um amigo, uma raposa muito sapeca que adorava correr por ai, ele morava nas montanhas frias e muito distante de mim... mas eu via sempre seus uivos cansados de tanto correr para lá e para cá tentando ganhar sua vida, eu ouvia seus lamentos, sonhos e desejos mas sempre de longe, afinal cães e raposas não são amigos, mas quem disse que eu sou um cão tradicional não é mesmo?.

A raposa sempre foi muito misteriosa, morava em uma toca muito distante que eu nem sabia como chegaria lá, porém sempre muito aninhada a família e a liberdade, sempre que eu sentia uma corrente de ar lembrava dela que sempre estava correndo contra o tempo para fazer mais e mais coisas. O tempo foi o que nos causou um grande afastamento e ser adotado para mais longe contribuiu ainda mais para não ver o meu amigo raposa.

Anos a fio e aconteceu o inesperado, correndo contra o tempo na calada da noite eu encontrei aquele livre ser que eu jamais esperaria ver e eu finalmente pude dar uma imagem a todos aqueles regougados dentre os meus uivos e pude me sentir feliz e com o coração quentinho de uma vez por todas... não era mais a mão do meu dono que pesava sob a minha cabeça mas um afago carinhoso do focinho de um amigo que eu nunca esperei que se tornasse real.

A cada passada eu percebia que a raposa não era só um poço de gentileza comigo, mas com todos os animais e pessoas a sua volta e que eu não era de um tanto especial, era só mais um no meio de todos, o que me fez pensar bastante sobre o quanto eu gostava de estar sozinho mas também sobre o quanto eu sentia falta de ser especial.

Assim decidi brincar com meu amigo nos campos enquanto observo sua atenção a todos, de longe fico sorrindo ao ver aquele sorriso e pensando que agora  chuva vai me molhar mas eu não vou me sentir tão sozinho.

Nenhum comentário:

Postar um comentário